Aliar as mudanças pelas quais passa o mundo do trabalho à história da saúde do trabalhador no Brasil requer, além de vasta experiência no campo, ampla atuação na elaboração de políticas públicas e programas de saúde do trabalhador no âmbito do SUS. Valendo-se dessa bagagem, o Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da ENSP promoverá uma aula aberta, na segunda-feira (11/7), com os pesquisadores Anamaria Tambellini, da Comissão da Verdade da Reforma Sanitária, e José Marçal Jackson Filho, da Fundacentro. A atividade, coordenada pela pesquisadora Thais Esteves, do Cesteh, será dividida em dois blocos, com início às 9hs e 13hs, no auditório térreo da ENSP. “Organizamos um dia de debates com temas de grande pertinência para o campo e pesquisadores históricos, que constroem cotidianamente a saúde do trabalhador no país”, garantiu a organizadora do evento.
A aula aberta é uma atividade conjunta do curso de Especialização em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana, do Cesteh, com o Curso de Inverno Saúde do Trabalhador, do Programa Saúde Pública e Meio Ambiente.
O intuito é promover o diálogo entre diversos atores sociais, sejam eles estudantes, docentes e instituições de ensino e pesquisa, como também os trabalhadores e movimentos sociais.
Data: 11/7 Horário: das 9h às 16 horas Local: Rua Leopoldo Bulhões, 1480, auditório térreo da ENSP, Manguinhos, Rio de Janeiro.
Os aspectos psicossociais do trabalho influenciam na prevalência da compulsão alimentar, e essa associação obtém chances diferenciadas entre magros e obesos. Esse resultado, apresentado pela aluna do mestrado em Epidemiologia em Saúde Pública da ENSPAna Paula Bruno Pena Gralle, advém da análise transversal com dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) - uma pesquisa multicêntrica de coorte que acompanha funcionários públicos de seis instituições públicas das regiões Nordeste, Sudeste e Sul, entre elas a Fiocruz, com o propósito de investigar a incidência e os fatores de risco para doenças crônicas, em particular, as cardiovasculares e o diabetes. Do total de 12.096 trabalhadores ativos, 11.951 compuseram a amostra analítica. A dissertação foi orientada pela pesquisadora Rosane Härter Griep.
Segundo Ana Paula, o estresse psicossocial no trabalho está associado à compulsão alimentar sob três aspectos: alta exigência, trabalho ativo e trabalho passivo. “A dimensão demandas psicossociais foi positivamente associada ao desfecho, enquanto a percepção de maior controle no trabalho foi inversamente associada à compulsão alimentar. Observou-se modificação da associação entre estresse no trabalho e compulsão alimentar pelo Índice de Massa Corporal’’, explicou.
O ELSA também tem como meta a qualificação de profissionais em epidemiologia de doenças crônicas e o fortalecimento da pesquisa científica nesse campo temático. Ultrapassando os limites nacionais, também pretende tornar-se referência para populações de outros países com características próximas à brasileira.
Comprovar que um óbito foi causado por um agrotóxico é um desafio. Enquanto algumas substâncias podem permanecer décadas no corpo humano (tais quais os organoclorados como o DDT, que é eliminado progressivamente pelas fezes, urina e leite materno), outras não ficam nem uma semana no organismo, o que não significa que não causam estragos.
A pesquisadora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh) da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) Karen Friedrich explica que há uma exigência de comprovações irrefutáveis da presença de um agrotóxico em exames clínico no sangue ou urina. “E isso é difícil ocorrer. Hoje em dia usamos muitos agrotóxicos – a maioria do grupo do organofosforados, neonicotinoides, piretróides – que são eliminados pela urina 24h, 48h, até 72 horas depois que o trabalhador ou morador foi exposto. O fato dele sair rápido também não indica que ele é seguro. Nesse caminho pelo organismo ele pode ter alterado funções hepáticas, renais e hormonais e ele sai do organismo, mas já alterou moléculas, já deixou seu efeito, muitas vezes irreversível”, explica.
Neste cenário, como provar que um óbito teve como causa o consumo ou manuseio de agrotóxicos? Um dos fatores começa na própria notificação dos casos nos sistemas de informação de saúde, organizados e produzidos pelo próprio Ministério da Saúde, que ajudariam a diagnosticar e enfrentar o problema.
Rosany Bochner, coordenadora do Sinitox, defende a transformação desses casos em eventos sentinelas. “Ao lidar com óbitos decorrentes de intoxicações ocupacionais por agrotóxicos estamos na presença de eventos raros, dificilmente notificados, mas que aportam uma enormidade de significados e sentidos, mantendo atrás de si diversas outras vítimas”, afirma.
Ela também explica que a análise dessas informações pode levar as autoridades governamentais a algumas ações positivas em prol da saúde do trabalhador e da população: “As autoridades devem buscar o local da exposição e proceder com ações de vigilância, incluindo averiguação das condições de trabalho, verificação do uso de equipamentos de proteção individual (EPI), inclusive suas trocas periódicas, aplicação de exames específicos de sangue para intoxicações por agrotóxicos, por exemplo”.
Um dos casos que confirmam a importância da notificação foi a história de VMS, já contada na matéria que abre a série “Agrotóxicos: a história por trás dos números”. VMS era almoxarife de uma multinacional na comunidade de Cidade Alta, em Limoeiro do Norte (Chapada do Apodi – Ceará). E, após dois anos e meio trabalhando como auxiliar no preparo da solução de agrotóxicos para borrifo na lavoura de abacaxi, faleceu aos 31 anos.
Em 2013, a Justiça reconheceu que a morte de VMS foi motivada “pelo ambiente ocupacional”, ou seja, pelo trabalho com os agrotóxicos. A ação movida pela família do trabalhador foi ganha em primeira e segunda instâncias na Justiça do Ceará, e representa um marco histórico na luta contra o uso intensivo de agrotóxico, pois abre o precedente de se provar legalmente que a exposição a esses produtos, mesmo com “uso seguro” de EPIs, pode levar a morte.
No documentário “Nuvens de Veneno”, uma parceria da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz, com a Secretaria de Saúde de Mato Grosso e a produtora Terra Firme, realizado em 2013, é possível ver o depoimento do sindicalista Wilfo Wandscheer e do trabalhador rural, Celito Ketzer, que falam sobre os efeitos marcantes da intoxicação por agrotóxicos.
A Roda de Conversa do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP) receberá, nesta quarta-feira (18/11), os pesquisadores do Departamento de Direitos Humanos, Saúde e Diversidade Cultural (Dihs/ENSP) Maria Helena Barros de Oliveira e Luiz Carlos Fadel para discutir o tema Direito à saúde, política e gestão em saúde do trabalhador, às 12 horas, na sala 32 do Cesteh. A atividade faz parte das comemorações de 30 anos do Departamento e será mediada pela pesquisadora Cristina Strauz.
Na opinião da chefe do Dihs/ENSP, Maria Helena Barros, é fundamental debater o de forma dinâmica e produtiva entre trabalhadores, alunos e profissionais de saúde. “É relevante discutirmos a questão do direito com a saúde do trabalhador, com a categoria trabalho. A partir das opiniões expostas, podemos falar sobre organização do trabalho, cidadania, participação sindical na saúde do trabalhador, entre outras questões. Na saúde do trabalhador, só podemos falar da prevenção a partir da mudança do processo produtivo. Este, por sua vez, ocorre quando há mobilização social, dos sindicatos. Por isso falamos de direito do trabalho e no trabalho”, afirmou a pesquisadora.
A Roda de Conversa do Cesteh é aberta a todos os interessados.
Serviço:
Roda de Conversa do Cesteh - Direito à saúde, política e gestão em saúde do trabalhador
Data: 18/11/2015
Horário: 12 horas
Local: Sala 32 do Cesteh CENTRO DE ESTUDOS DA SAÚDE DO TRABALHADOR E ECOLOGIA HUMANA Rua Leopoldo Bulhões, 1480, sala 302, Manguinhos - Rio de Janeiro Tel.: (21) 2564-1050 / 2598-2682
O próximo Centro de Estudos Miguel Mural de Vasconcellos da ENSP, marcado para 4 de novembro, às 14 horas, debaterá os acidentes de trabalho no Brasil segundo a Pesquisa Nacional de Saúde. Dados do Ministério da Previdência Social apontam o elevado número de acidentes de trabalho no Brasil, com cerca de 165 mil acidentados em 2012. Para debater o tema, a atividade contará com a participação da pesquisadora do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz) Célia Landmann Szwarcwald e do pesquisador da Universidade Federal de Brasília (UnB) Heleno Rodrigues Corrêa Filho.
O Anuário Estatístico da Previdência Social estima que, anualmente, 700 mil trabalhadores brasileiros são vítimas de acidentes de trabalho. Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicam que 270 milhões de pessoas sofrem acidentes ocupacionais por ano. Desse total 160 milhões de pessoas têm doenças profissionais e aproximadamente cinco mil morrem por dia. No Brasil, o prejuízo financeiro com gastos relativos à saúde em casos de acidente no trabalho chega a R$ 70 bilhões. Porém o país apresenta um prejuízo muito maior: o de vidas. O ranking mundial de vítimas fatais no trabalho coloca o Brasil em 4º lugar, atrás somente da China, Estados Unidos e Rússia.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) é uma pesquisa de base domiciliar, de âmbito nacional, realizada em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013. Ela faz parte do Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares do IBGE (SIPD, 2007) e tem periodicidade de 5 anos. Para a execução da pesquisa, foi constituída uma equipe de coordenação da PNS, com membros do Ministério da Saúde e do IBGE.
O Ceensp é aberto a todos os interessados e não necessita de inscrição prévia. O pesquisador do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP) Francisco Pedra coordenará a atividade.
Data: 04 de novembro de 2015
Horário: 14 horas Local: Salão Internacional da ENSP
Rua Leopoldo Bulhões, 1480, 4º andar, Manguinhos, Rio de Janeiro
Na quarta-feira, 28 de outubro, o Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP) promoverá mais uma atividade da série Encontros dos 30 anos do Cesteh. Com o tema "Interseções do ambiente na saúde e no trabalho", será organizada uma roda de conversa com a participação dos pesquisadores da unidade, Ary Miranda, Fátima Moreira e Liliane Reis, sob a moderação do pesquisador Aldo Pacheco.
A roda de conversa está marcada para 12 horas, na sala 32 do prédio do Cesteh. A atividade é aberta a todos os interessados e não necessita de inscrição prévia.
O objetivo das rodas é trazer para discussão temas atuais relacionando a saúde pública com a saúde do trabalhador brasileiro, trazendo convidados da unidade, da Fiocruz e externos.
Local: Fiocruz - Rua Leopoldo Bulhões, 1480, prédio do Cesteh, sala 32, Manguinhos, Rio de Janeiro