Brasil está promovendo um avanço notável na adoção do identificador de pesquisadores
ORCID com a formação do Consórcio Brasileiro ORCID liderado pela
CAPES com a participação de várias organizações entre as quais o SciELO. Todos os periódicos
SciELO Brasil publicarão os artigos com o ORCID dos autores a partir de 2019.
Veja trechos da entrevista com
Laure Haak onde realça a importância do ORCID.
Porque identificadores persistentes são importantes em sistemas de informação de pesquisa systems?
A informação sobre pesquisa só é útil se puder ser compartilhada, seja para citar o corpo de trabalho de uma pessoa, para avaliar o impacto de uma carteira de financiamento ou para avaliar a contribuição de uma universidade para o ensino e pesquisa. Todos estes exemplos exigem que a informação seja compartilhada e, em nossa era digital, isso significa compartilhamento entre os sistemas de dados. Os identificadores persistentes fornecem chaves exclusivas que permitem o mapeamento preciso de informação entre sistemas, mesmo que o nome de uma pessoa seja expresso de forma diferente ou o título ou nome de um periódico seja abreviado, ou o nome de uma organização esteja listado em idiomas diferentes.
O que é ORCID e como os ORCID iDs são diferentes de outros identificadores para pesquisadores?
O ORCID fornece um identificador único para pesquisadores (ORCID iD). O ORCID é diferente de outros identificadores para pesquisadores porque somos de âmbito não proprietário, interdisciplinar e global. Os ORCID iDs são coletados em fluxos de trabalho de pesquisa para que os pesquisadores possam usar seu iD enquanto realizam seu trabalho – e se beneficiar de conexões perfeitas com suas contribuições e afiliações, economizando tempo ao preencher relatórios e formulários de inscrição. Além disso, o ORCID capacita pesquisadores que possuem e gerenciam seu identificador e registro associado. As conexões são feitas apenas com a permissão explícita do pesquisador, e eles podem usar seu iD durante toda sua carreira, onde quer que estejam e façam o que fizerem.
Qual é a visão estratégica do ORCID para a América Latina em geral e o Brasil em particular?
Independentemente do país, nossa visão é apoiar o compartilhamento de informação de pesquisa, com o pesquisador no centro. Nosso objetivo é apoiar comunidades de prática no uso de infraestrutura de pesquisa aberta para construir as ferramentas que apoiam pesquisa aberta. Isso assume diferentes formas, dependendo do contexto local. As comunidades em todo o mundo estão adotando ORCID como um componente essencial da política de pesquisa aberta, como no caso do
Redalyc (Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal), no México. No Brasil, a comunidade de pesquisa está implementando estas políticas através de seu consórcio ORCID.
Onde você espera que ORCID esteja daqui a três anos – na América Latina e globalmente?
Acabamos de concluir um processo de planejamento estratégico, a partir do qual articulamos nossas principais estratégias e desenvolvemos um roteiro de três anos. Ao longo dos próximos três anos, continuaremos nosso trabalho para melhorar a forma como os pesquisadores podem usar o ORCID para compartilhar informação sobre suas contribuições de pesquisa, esclarecer como as afirmações são feitas e usadas, e testar nosso trabalho em constante envolvimento com nossa comunidade global. Em 2018, estamos focando nosso trabalho na comunidade de financiamento; em 2019 nosso foco será nos pesquisadores; e em 2020 estaremos interagindo com pesquisadores e organizações fora de nossa comunidade acadêmica central. Através deste trabalho, nosso objetivo permanece o mesmo: servir a comunidade como um ator confiável e neutro no compartilhamento de informação de pesquisa.
Estamos particularmente empolgados com a comunidade ORCID em desenvolvimento no Brasil. A CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e ORCID assinaram uma parceria inédita em dezembro de 2017, para a adoção consorciada e coordenada do ORCID em todos os sistemas de informação de pesquisa do país. Este acordo é único e promissor na medida em que envolve, em nível nacional, todas as instituições responsáveis pela coleta e divulgação de informação de pesquisa. Representa um passo importante para a interoperabilidade da informação no ecossistema de pesquisa brasileiro – e fornece um exemplo de ação colaborativa em um cenário internacional.
O Consórcio Brasileiro ORCID inclui a CAPES, o
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (
CNPQ), o
Instituto Brasileiro de Informação e Tecnologia (
IBICT), o Scientific Electronic Library Online (SciELO), o
Conselho Nacional de Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (
CONFAP) e a
Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (
RNP), que atua como facilitadora. No âmbito do consórcio, o ORCID servirá como um centro de informação, garantindo transparência, maior qualidade de dados e menos trabalho manual para os pesquisadores, à medida que eles interagem com diferentes sistemas de pesquisa.
Esperamos que a experiência do Brasil com o ORCID seja compartilhada em toda a região da América Latina, para o benefício de toda a comunidade de pesquisa.

Laurel L. Haak, Diretora executiva. Laurel promove a conscientização sobre a missão do ORCID, construindo relacionamentos estratégicos, trabalhando com uma ampla gama de constituintes, garantindo a persistência organizacional e direcionando funcionários e contratados do ORCID. Anteriormente, Laurel era Chief Science Officer na Discovery Logic, Inc; oficial de programa do US National Academies’ Committee on Science, Engineering, and Public Policy (Comitê de Ciências, Engenharia e Políticas Públicas das Academias Nacionais dos EUA); e editora da Science’s Next Wave Postdoc Network na American Association for the Advancement of Science (Associação Americana para o Avanço da Ciência). Laurel é Bacharel em Ciências e Mestre em Biologia pela Universidade de Stanford e obteve o Doutorado em Neurociências em 1997 pela Stanford University Medical School, e foi um pós-doutor nos US National Institutes of Health (Institutos Nacionais de Saúde dos EUA).