O banco de dados Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) dos Povos Indígenas, oficialmente apresentado à comunidade da Saúde Coletiva em 27 de setembro de 2019, durante o 8 º CBCSHS, disponibilizará mais de 3 mil arquivos, progressivamente. Ana Lúcia Pontes, que é uma das coordenadoras do projeto, explicou que o conteúdo é diverso: “Há um acervo de produção científica – teses, dissertações, monografias, artigos – disponibilizado por órgãos como Capes, CNPq e universidades, e um acervo histórico arquivístico”. O acervo histórico é composto por documentos – muitos produzidos por indígenas – que narram a articulação pelo direito à saúde: atas, relatórios de reuniões e eventos, cedidos por pesquisadores e pessoas ligadas ao movimento indígena ou instituições – como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e o Centro de Documentação Indígena (CDI) – Missão Consolata.
O projeto começou em 2017, e o GT Saúde Indígena da Abrasco foi a primeira rede de pesquisadores acionada. O grupo ajudou a determinar os tipos de conteúdo, as fontes de consulta, os conceitos, os detalhes técnicos das buscas e até mesmo as imagens escolhidas para o site: “A BVS parte do pressuposto da construção de conhecimento em rede, em termos de colaborações e contribuições de diferentes pesquisadores ou movimentos sociais. O Grupo de Trabalho da Abrasco tem uma trajetória consolidada, desde 2000 fazendo projetos acadêmicos, técnicos e políticos. É esse grupo de pessoas que, ao longo desses dois anos, têm me apoiado em todos os detalhes – desde decidir as imagens que representariam as regiões até definir o que são áreas de saúde indígenas, ou como a gente discute e caracteriza o campo”, contou Ana.
Além da contribuição do GT Saúde Indígena da Abrasco, a BVS é fruto do trabalho do grupo de pesquisa Saúde, Epidemiologia e Antropologia dos Povos Indígenas da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz) e da equipe da Seção de Informação (CTIC) do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica (ICICT/Fiocruz), em parceria com a Bireme/OPAS/OMS. Luciana Danielli, que coordena as BVS no ICICT, também esteve presente nesse primeiro lançamento: “Considerando a especificidade do conteúdo, que contempla um acervo de produção de conhecimento oriunda da academia e também dos povos indígenas, foi essencial o diálogo entre os profissionais de informação e os especialistas da área, para o cuidado com a temática e o tratamento especial na recuperação desses documentos”, comentou a bibliotecária.
A presidente da Abrasco, Gulnar Azevedo, também saudou a ação: “Nós temos muito orgulho do GT Saúde Indígena da Abrasco, que está sempre produzindo conhecimento e resistência. A luta pelo direitos dos povos indígenas é intrínseca à luta por um sistema universal de saúde e pelo fortalecimento do SUS”, comentou.