O epidemiologista trouxe uma grande quantidade de dados, tanto recolhidos ao longo de mais de 30 anos em seus estudos de coorte, quanto números oficiais do Ministério da Saúde. Em 1990, a mortalidade infantil no Brasil era de 50 por mil; já em 2013, era de 15 por mil. Essa redução é vista por Victora como um grande sucesso, tendo em vista que o objetivo de desenvolvimento do milênio era que o país alcançasse tal número em 2015. Quatro explicações para esse progresso são encontradas na série A Saúde dos Brasileiros, composta por seis artigos publicados na revista The Lancet, em 2011. Entretanto, Victora alertou que as conquistas duramente alcançadas estão ameaçadas por conta dos atuais cortes orçamentários do governo federal diante da crise econômica.
Saúde da População: “Nesse momento em que estamos vivendo, Goiânia é um grande exemplo, porque foi aqui nessa cidade que surgiu o primeiro comício pelas Diretas Já”, iniciou sua fala Jairnilson da Silva Paim, agradecendo pela oportunidade de voltar à capital goiana. Sobre o tema escolhido para a palestra, Saúde da População Brasileira, Paim disse ter ele “um sentido político como um alerta pela escolha que foi realizada pelo Conselho Nacional de Saúde no sentido de que a 15ª Conferência trabalhe com o tema de saúde pública de qualidade como um direito do povo brasileiro”.
Paim explanou que os problemas do sistema de serviços de saúde envolvem determinantes políticos, econômicos e ideológicos. “As respostas a esses problemas podem ser entendidas como as políticas de saúde que atualmente contemplam um setor produtor de bens e de serviços e que não é um setor qualquer: é um locus de acumulação de capital. Portanto, diversos interesses vinculados ao capital se materializam nos âmbitos do sistema de saúde”.
Adoecimento coletivo: Madel Therezinha Luz, última palestrante do primeiro debate do Abrascão 2015, fez um recorte temporal à temática do adoecimento coletivo aos tempos de crise. “Esses tempos incluem não só o tempo brasileiro, mas também o do capitalismo internacional, de nossa vida coletiva e uma economia financeirizada e cujas crises abalam a nossa saúde”. Para Madel, o trabalho tem sido adoecedor. “A perda do poder aquisitivo é acompanhada pela aceleração do ritmo das atividades, que vem com a virtualização das informações e das tarefas e um aumento consecutivo da carga de trabalho sem nenhuma compensação, nem material, nem simbólica”.
O individualismo e a competição, valores dominantes na atualidade, repercutiram na perda dos vínculos sociais, o que tem levado ao isolamento e ao adoecimento, defendeu a palestrante. “Embora conectados, os seres humanos deste país se veem perdidos e sem iniciativa de participação civil coletiva, pois estar conectado não significar estar relacionado, nem que haja relação social.”
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Fonte: Abrasco
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